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Costiera Amalfitana

Um passeio mais que perfeito










Um passeio pela Costiera Amalfitana, região da Campânia italiana, é mais que perfeito para quem gosta de paisagens naturais, cultura, artesanato, moda, boa comida e excelentes vinhos. Sua principal cidade Amalfi, no sopé de um monte na província de Salerno, empresta o nome à costa famosa pelas suas belezas. Treze comunas fazem parte deste panorama que inclui algumas das mais procuradas pelos turistas como as vizinhas Positano e Ravello (no alto da montanha).





Pode-se percorrer a Costiera por rota terrestre (cerca de 50 quilômetros), mas a paisagem mediterrânea é estonteante quando se chega de barco vislumbrando os amplos terraços brancos que se debruçam sobre o mar, cujo azul mistura-se ao céu e se mescla ao colorido dos buganvilles que florescem pelas frestas dos muros, nos telhados, em meio à vegetação.
A região é conhecida pelo cultivo de limões, vistos em jardins ao longo da costa entre os meses de fevereiro e outubro, além da produção do popular limoncello (licor típico). Produz também a sardinha de Cetara (alici) e as coloridas cerâmicas artesanais de Vietri Sul Mare.


Amalfi é conhecida pela fabricação de um tipo de papel feito a mão (bambagina). Chegando ao porto, segue-se por uma daquelas ruas estreitas típicas das cidades italianas e que levam direto ao coração do lugar. Ali, a gente pode se embrenhar e olhar tudo, circular pelas lojinhas, tirar fotos, tomar um sorvete ou uma limonada pura, fazer uma pausa para o almoço.












Ao passar por uma esquina qualquer, fui surpreendida por uma pequena praça cercada de prédios onde, no topo de uma escadaria, a Catedral de Santo André (século 11) me causou uma impressão de beleza singular.  Mistura estilo bizantino com as formas da arquitetura da época da conquista normanda e sua decoração interior é barroca. De cima, se avista a Piazza Duomo, por onde circulam moradores e turistas, numa mostra sucinta de toda a Itália e da variada cultura de seu povo.




Positano, onde antigos romanos construíram villas (mansões) suntuosas, serviu de cenário para o filme Sob o Sol da Toscana




Durante muitos anos a cidade permaneceu quase esquecida até voltar a florescer com a construção da estrada estatal SS 163, que trouxe os primeiros turistas, muitos dos quais artistas, intelectuais e celebridades que ajudaram a torná-la destino turístico famoso. Entre estas, Picasso, Klee, Zefirelli, Liz Taylor.




A água é tranquila, fria, mas sem ondas. As praias estão sempre cheias, mas não dá para caminhar de pés descalços na areia (pouca) como fazemos por aqui. São cheias de pedrinhas escuras, é preciso andar calçado.












Pode-se percorrer toda a cidade a pé. Aliás, uma atividade bastante exercida pelos turistas é percorrer a encosta íngrime de Positano e seus labirintos de ruas, casas, butiques, lojas e restaurantes.








A pequena Ravello, com suas mansões e jardins debruçados sobre o penhasco em torno a uma baía, também atrai turistas do mundo inteiro, especialmente artistas, pois é conhecida como “a cidade da música”. 
Nela estiveram artistas, músicos, pintores e escritores, entre os quais Greta Garbo, Wagner, Grieg, Toscanini, Miró, DH Lawrence e Virgínia Wolf.




Uma curiosidade: Ravello abriga um auditório de design peculiar, planejado por Oscar Niemeyer, a pedido do sociólogo Domenico de Masi, e inaugurado em 2010 depois de superar restrições de leis locais que impediam novas construções. Com capacidade para 400 lugares, o local já foi comparado “a uma folha de papel branco soprando no vento”.
Dicas/experiências:
Informações Turísticas: (em italiano)
Ravello
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Shakespeare's Globe Theatre

Um espaço imaginativo e experimental (como eles próprios definem)

     Em Londres, um programa imperdível para quem gosta de teatro (especialmente Shakespeare) é assistir uma peça no Shakespeare’s Globe Theatre, no mesmo local, próximo ao Tâmisa, em Southwark, onde funcionou o Globe original destruído por um incêndio em 1613. Reerguido, permaneceu fechado (por ordem dos puritanos) e abandonado durante muitos anos até ser substituído pela nova construção, inaugurada na segunda metade dos anos 1990 e que procurou manter as características genuínas do antigo local.


     Pena que os ingressos precisam ser comprados com antecedência e é difícil conciliar o calendário das temporadas com o período em que se está na cidade.  Então, uma alternativa interessante (que me consolou um pouco) foi participar de um dos tours guiados que têm escalas mais flexíveis e os tickets podem ser comprados no próprio dia (bom confirmar previamente horários disponíveis pela internet


          A atração começa quando se formam pequenos grupos a intervalos de aproximadamente 30 minutos.  
                                                                                                  fotos by: Ira

     Enquanto se espera, dá para circular pelos diversos ambientes e ver a exposição permanente, que mostra desde maquetes em miniatura do bairro e arredores do antigo Globe, o interior do teatro, as indumentárias usadas pelos principais personagens, como são “fabricados” os efeitos especiais, até ouvir gravações com as performances mais famosas de personagens de Shakespeare.

Vestuário
usado em peça de Shakespeare

Maquetes (arredores e interior) do
Shakespeare's Globe Theatre, em Londres 


          Para começar, os visitantes são levados, em pequenos grupos, a um breve passeio pela parte exterior do prédio, enquanto recebem informações sobre a Londres da época elisabetana, o bairro de Southwark e seus moradores (entre os quais, segundo indicam as pesquisas, incluía-se Shakespeare), o antigo teatro, sua destruição e a reconstituição atual.




               De volta ao interior do prédio, somos levados ao anfiteatro, com direito a uma “palhinha”, pois atores “ensaiam” normalmente no palco, sem interrupção  durante as visitas, e pode-se acompanhar trechos de peças de Shakespeare (com sorte) ou de autores mais modernos.

       Interessante lembrar que os teatros elisabetanos eram de madeira e apenas parcialmente cobertos, isto é, não tinham teto, caso chovesse a apresentação era cancelada. 
          Gostei também de saber que o público ficava em pé em torno do palco, havendo apenas alguns degraus e as galerias onde os espectadores ricos podiam sentar. 
          O ambiente não era exatamente de silêncio respeitoso pelos atores e pela obra encenada, já que os frequentadores, na maior parte, não eram os nobres, mas os simples moradores das áreas próximas. Durante as apresentações, havia conversas, xingamentos, vaias e – provavelmente – legumes jogados para demonstrar desagrado por alguma atuação. O espectador podia deixar o recinto para - digamos - atender às necessidades fisiológicas e retornar, mais tarde, na hora em que bem entendesse.
      Representar nessas condições deveria requerer um tanto a mais de concentração e preparo dos atores.
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Mais sobre UK, no blog, em:
Liverpool
Londres
Stratford-upon-Avon
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Foz do Iguaçu


Foz do Iguaçu – Belezas e diversidade 
                                                                                                              Fotos by: Isadora Pamplona
Charmosa e peculiar, Foz do Iguaçu oferece opções de lazer, passeios e compras também em localidades próximas, nos países vizinhos Paraguai (Ciudad del Este) e Argentina (Puerto Iguazú)
A cidade é conhecida por sua diversidade cultural e abriga dezenas de etnias diferentes como libaneses, palestinos, chineses e coreanos, entre outros, numa convivência harmoniosa em meio a brasileiros, paraguaios e argentinos. 
Vale uma visita ao Templo Budista e à Mesquita criada pela comunidade árabe, juntamente com o Centro Islâmico anexo, para observar esses exemplos. Essa diversidade reflete-se na gastronomia e culinária locais e Foz do Iguaçu oferece uma variedade de bares e restaurantes para atender os turistas. Encontramos um que serve rodízio de comida árabe, pudemos conhecer vários pratos e experimentar um pouco de cada sugestão oferecida.


Como parte da nossa proposta de entrosamento com as culturas dos lugares que temos a oportunidade de conhecer, visitamos a Mesquita Omar Ibn Al-Khatab, cujos minaretes podem ser vistos à distância. É um dos maiores templos muçulmanos no Brasil e mostra uma arquitetura de formas características, bem diferentes das igrejas e catedrais que conhecemos. 








É preciso agendar horário e as mulheres devem cobrir o corpo e usar véu, permanecendo em um recinto a elas reservado enquanto os homens fazem suas preces.





As belezas naturais se destacam entre os atrativos da cidade, como o Parque Nacional (reserva de Mata Atlântica e patrimônio da humanidade), onde estão as magníficas cataratas. 
É interessante observar as quedas de ambos os lados para melhor aproveitar as diferentes perspectivas. 
Do lado brasileiro, se tem visão panorâmica, enquanto, do lado argentino (onde está a Garganta do Diabo), há maior integração com a natureza e maior aproximação das quedas, que podem ser observadas do alto ou de plataformas em níveis inferiores. A depender da época e da vazão do rio, o total de quedas varia entre 150 a 300.




Nenhum dos amigos e conhecidos que haviam estado lá me disse que tudo era assim tão lindo.
Voltei embevecida e tirei da lista dos futuros roteiros a idéia de conhecer Niagara Falls. 









Ouvi de uma turista que Niagara perde se comparada a Foz. 
 



Visitar o Parque das Aves, ali pertinho, garante mais algumas horas de entretenimento. 




Dá para passar boa parte do dia  observando as aves em seu habitat, além das belezas da natureza e a rotina dos animais de diferentes espécies, como borboletas, peixes e outros.




Há também passeios para conhecer os símbolos (tecnológico) da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional (à noite tem espetáculos de iluminação da barragem) e o (geográfico) do Marco das Três fronteiras, divisa do Brasil com o Paraguai e a Argentina, mais o encontro dos rios Iguaçu e Paraná.
Como atividades, é só escolher: trilhas, bicicletas, arvorismo, rapel ou passeios a bordo de lanchas infláveis - ou helicópteros - que levam os turistas até bem pertinho das quedas.  
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Dicas/experiências:

Alojamento: fiquei no Albergue da Juventude Paudimar, pertinho da Avenida Brasil, principal via de Foz e repleta de lojas e restaurantes. O local conta com diversos tipos de acomodações e piscina. O atendimento é excelente, com sugestões, informações e reservas de passeios, passagens, transfer, etc. Há também o Paudimar Campestre a poucos minutos das Cataratas.
Maiores Informações:
Site da Prefeitura
Pesquisa prévia de preços  para compras no Paraguai:
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Do Reino Unido à Itália

Volta pela Europa em 126 dias - Parte II

Para quem gosta de relatos de viagens, continuo contando a experiência que tive em 2011, quando fiz uma viagem durante 126 dias por diversos países da Europa, grande parte acompanhada apenas da minha mala e de uma pequena mochila.
Nosso trio (minha filha, minha melhor amiga e eu) começou um roteiro pelo UK por Cambridge. Surpreendente cidadezinha, linda, parece cenário de filme, repleta de jovens estudantes e turistas. Caminhar é uma boa forma de se chegar às suas principais atrações (atmosfera medieval e prédios centenários como o King's College). 
Fizemos um passeio de barco pelo rio Cam, cercado por lindas paisagens e que parece um canal que serpenteia pela cidade. Jovens remam em pequenos barcos e se vê os amplos gramados bem cuidados ao fundo das faculdades com seus prédios que parecem castelos.                                                          fotos by: Isadora Pamplona

Seguimos para Stratford-upon-Avon (onde, dizem, teria nascido Shakespeare). Ficamos numa Guest House lindinha, vontade de levar junto para ter sempre um lugar assim para dormir pelo resto da viagem.



Stratford é bonita e interessante mas, vista logo depois de Cambridge chega a perder um pouco do fascínio que poderia causar sozinha. 




Dali, pegamos um trem para Liverpool, onde levei um tombo, de cara. Bati com os dentes no asfalto, quebrou a lente dos óculos de sol quase atingindo meus olhos. Pensei que minha aventura terminaria ali e eu tivesse que voltar a Floripa para pedir socorro à dentista. Por sorte, ficou tudo só no susto e algumas manchas roxas no rosto (e nas fotos).
Entre as atrações desta cidade histórica, mas estimulante e jovial, além das referências onipresentes aos Beatles, pode-se visitar os estádios dos famosos times locais (Liverpool e Everton), o Albert Dock (onde ficam a galeria Tate, o museu dos Beatles e o museu Marítimo Merseyside), além dos Pub locais.

                                Por toda a cidade, referências aos Beatles
               



Portal Chinês -
Liverpool tem a comunidade chinesa mais antiga da Europa



Isadora retornou a Londres para trabalhar, Lais e eu ficamos mais um dia em Liverpool e depois seguimos de trem para Edimburgo, na Escócia. Pela estrada, víamos apenas campos verdes e ovelhas, naquela época com seus filhotes. 
Na chegada, estava anoitecendo, tivemos receio de descer na estação indicada, que nos pareceu um pouco deserta para ficarmos procurando o endereço. Esse vacilo nos custou algumas libras fora do orçamento, pois descemos na estação seguinte e pegamos um táxi para descobrir que o hotel ficava quase ao lado da estação anterior.
Adorei o que vi da Escócia (lindas paisagens nas highlands, montanhas ainda com neve).


          Edimburgo é uma cidade linda, mas horrivelmente fria para o meu gosto.

Tem castelos e construções medievais, mas nem deu pra tirar fotos por causa da neblina, parecia “As brumas de Avalon”, não se enxergava um palmo adiante do nariz.





          Andamos bastante a pé pela cidade. Fizemos city tour com visita ao castelo da rainha Mary Stuart (Hollyrood, onde Sir Sean Connery foi condecorado) e deixamos para o último dia a visita ao castelo do rei, que do alto de uma rocha domina a cidade. 

          Descobrimos um pub (Ryan’s), com um ambiente agradável,  boa comida e cerveja (Tenneant) a preço razoável. Retornamos mais duas ou três vezes para almoçar e sempre achamos que valeu a pena. 
                                                                                       Foto by Ryan's
                                                               Out side tables
Agendamos um passeio a Loch Ness, um dos meus sonhos de infância (eu tinha a secreta esperança de ver o monstro). Minha amiga Lais se recusou a me acompanhar e ficou fazendo um tour particular pelas lojinhas de Inverness. Na estrada, lindas paisagens e parada para foto com um gaiteiro de foles. Para minha decepção, era só um lago e um vento gelado de doer tudo, um frio horrível. Nada do Nessie
Fazíamos todos os passeios a pé e, apesar de algumas vezes nos perdemos no retorno, deu tudo certo na nossa experiência escocesa. Até pegamos uns dias de sol (comenta-se que eles só tem uma média de 40 dias de sol por ano, então considero que tivemos sorte).
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          Retorno a Londres de trem. Desta vez, conseguimos outro b & b também em Notting Hill, um pouquinho melhor do que o anterior, pelo menos tinha acesso internet free. No dia 29, assistimos o Royal Weadding no Green Park, num telão, em meio a uma multidão. Isadora e Chris estavam postadas desde cedo próximo do Palácio de Buckigham, mas terminaram desistindo, pois veriam quase nada atrás de umas dez camadas de cabeças. Cheguei atrasada, já haviam bloqueado todos os acessos e eu não podia mais passar. 

         

          Conseguimos nos reunir e pensamos em procurar um pub mas, onde encontrar um vazio? Decidimos, então sentar na grama e ver no telão mesmo. Deu para acompanhar bem, pois tinha zilhões de câmeras postadas em todos os ângulos. 







          Tinha de tudo: gente tomando champagne, famílias com bebês fazendo pic-nic, algumas pessoas fantasiadas, outras vestidas para festa. Quase um carnaval, mas gostei de ver de perto o "espírito" londrino.

Lais retornou para Porto Alegre e eu para a casa da minha filha.

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Minha idéia de continuar a viagem sozinha durante alguns meses ameaça fazer água de novo: Isadora acha que meu roteiro está precariamente definido, com muitas “idas e vindas”, o que significa perder tempo e dinheiro. Faltava logística, ainda não havia reservas de albergues ou passagens para as etapas seguintes. Na opinião dela,  “me joguei” na Europa apenas com uma mala e nenhum plano.
Outra vez frente a um mapa, redesenhamos tudo. Teria que providenciar reservas em Amsterdam, Bruxelas e Bruges para os próximos dias. Mas, quem diz que estou “animada”? Vou protelando, me fazendo de esquecida, até admitir que não quero começar por aí conforme indicava o roteiro pragmático recém alterado. Amigos de Florianópolis chegariam a Roma em dois dias para um giro pela Itália. Prefiria juntar-me ao grupo mesmo que isso significasse alteração de rota e inclusão de “idas e vindas”. 
Sinal verde, Roma lá vou eu!
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No mesmo dia tive o primeiro voo solo e a primeira queda. 
Consegui pegar trem, metrô, encontrar o caminho e chegar ao b & b em Roma. Que ficava no quinto andar de um prédio e, estranhamente, estava de portas fechadas sem ninguém para atender a campainha. Descubro, com a zeladora, no térreo, que é preciso “agendar” a recepção. 
Ah, só então entendi por que, quando fiz reserva pelo site, pediam para definir o horário previsto de chegada. Pensando nos atrasos dos aeroportos brasileiros (e me achando esperta), marquei 23h para não correr riscos e garantir que haveria alguém me esperando até aquela hora. Tudo bem, eles me esperariam às 23h, só que cheguei em Roma às 15h. Este mal-entendido me custou horas de espera e muitas chamadas pelo celular até que os proprietários viessem abrir a porta. Mas, o lado bom é que eu já estava falando italiano!
Meus dias em Roma foram perturbados pela impossibilidade de acesso à internet. Os proprietários do hotel, no qual fiz reserva contando com essa facilidade, diziam que meu computador era "muito antigo” (no entanto, levei-o a uma lan house próxima e o acesso à web era perfeito). Meu humor descia pelo ralo a cada vez que precisava pagar por um acesso que, supostamente, seria gratuito e incluído na diária. 
Quando precisei comprar um socket para carregar a bateria do celular, pois o pino de Londres não servia, aprendi – na marra - que, na Itália, quase nada funciona nos fins de semana.
                                                                foto by Susy Mara Schaeffer
Abelardo, Ingri, Edel e eu 
(mais a Susy, fotógrafa e motorista do grupo)
Fiz belos passeios em Roma com o grupo de amigos de Floripa, apesar do atendimento nem sempre cordial de alguns garçons e de menus com preços pouco amigáveis para turistas recém chegados ao país. 
No último dia, alugamos um carro. Instalado o GPS, já começamos nos perdendo, indo e voltando, fazendo vários retornos e entrando em ruas erradas até conseguir sair da cidade rumo à Toscana. 
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Mais sobre UK, no blog, em:
Leia Parte I
Liverpool
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Dicas/experiências:
Site oficial de Cambridge
Alojamento em Londres: The Blue Bells Hotel
Alojamento em Stratford-Upon-Avon: Arden Park 
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Ilha da Páscoa (Rapa Nui)

               Para mim, se existe um paraíso na terra ele fica no meio do Pacífico
A Ilha da Páscoa fica no meio do caminho
entre a América do Sul e a Polinésia Francesa,
a cerca de 3.700 quilômetros do Chile
e a mais de 4.000 quilômetros de Papeete, no Tahiti 

       Dos lugares que conheci, a Ilha da Páscoa é o único no qual eu gostaria de morar pelo menos por alguns meses. 
        Eu havia conseguido, em cima da hora, montar um miniroteiro para uma semana no Chile contemplando a capital, Santiago, mais Ilha da Páscoa. As datas para visitar a ilha, no entanto, tinham que ser adaptadas à frequência dos voos da companhia que fazia o percurso, na época disponíveis apenas em alguns dias da semana.
     Assim, chegamos em plena véspera do Natal e sem idéia exata do que o local tinha a oferecer.  Nenhum mapa, agências de turismo e locadoras fechadas por causa do feriado, só um caixa eletrônico funcionando.
    



     Cerca de seis horas de voo entre São Paulo e Santiago (as asas do avião parecem quase tocar nos picos nevados dos Andes), mais umas cinco horas (sobrevoando a imensidão do oceano), até avistar a Ilha da Páscoa. 
      Aterrissagem num miniaeroporto. 
     Pela primeira vez havia alguém na sala de espera com um cartaz e meu nome nele em letras grandes. Fomos recebidas, minha filha e eu pelo dono da pousada, que nos brindou com colares, daqueles de flores naturais, coloridas, feitos pelos nativos. A pequenez do ambiente, as flores, a simplicidade, a delicadeza da recepção, tudo dá uma nova dimensão às expectativas e as canaliza para uma mudança instantânea de estado de espírito. Estamos em Rapa Nui.
         Chegamos à tardinha à pequena vila de Hanga Roa, área urbana onde vive a maior parte da população local (em 2011, segundo o Instituto de Estatística do Chile, 5.035 pessoas, 30,8 habitantes por  km²). 
         O albergue (Kona Tau) era um lindo bangalô em meio a flores e os donos, gentilmente, nos convidam a participar da ceia de Natal. Declinamos, agradecemos e saímos a fazer um primeiro reconhecimento noturno. 
     Um nativo se ofereceu para nos levar e nos apresentou o Pisco (variedade local de aguardente de uva e que é produzida no Chile e no Peru). Já no escuro, por ruelas de chão batido e sem iluminação, chegamos à praia e avistamos o primeiro Moai, que nos pareceu bem menor do que a imaginação sugeria. Perigo nenhum (os moradores lembram que ali não há crimes, pois não há como fugir). 

     No dia seguinte, pensávamos em percorrer (a pé) a ilha (cerca de 170 km²). A sorte ajuda os incautos. No café da manhã, na cozinha comunitária, conhecemos uma chilena que estava retornando de uma temporada na Nova Zelândia. Ela havia alugado um carro e pergunta se tínhamos interesse em dividir despesas.
Era tudo o que queríamos. Um carro, motorista, boa companhia. Lá fomos, as três, percorrer aquele “nada” mais encantador que já conheci na vida.




Só o que se vê são descampados, caminhos e trilhas por áreas abertas, sem relevos nem árvores de grande porte, os recortes das praias, vulcões extintos, cavernas. Tudo pontilhado por aquelas estátuas estranhas e de origem ainda não decifrada. 





Não existem por lá pássaros, insetos (nada de borboletas), cobras, morcegos ou ratos. Apenas gado e algumas espécies de animais domésticos. De vez em quando se avista algum turista, ou pequenos grupos, a pé, de carro, moto ou bicicleta.



A Ilha da Páscoa formou-se a partir de erupções vulcânicas. Nas crateras dos vulcões, atualmente extintos, a água acumulada da chuva forma grandes lagos.                                   
              
        Vulcão Rano Kau




O Parque Nacional Rapa Nui integra o Patrimônio da Humanidade e tem lindas (só duas) praias, como Anakena, onde se pode admirar dois grupos de moais. O local serviu de cenário para o filme Rapa Nui produzido por Kevin Costner.

 Os habitantes são simpáticos com os turistas, que chegam em navios ou nos voos semanais que fazem o trajeto Chile-Tahiti.
Entre as atrações locais, um pequeno museu, lojinhas de artigos de artesanado, bons hotéis e pousadas, restaurantes, bares e casas noturnas. Pode-se andar a cavalo e praticar mergulho e canoagem.


Moais
As estátuas monolíticas e de cabeças desproporcionais espalhadas pela ilha, isoladas, em grupo, ou até mesmo caídas e abandonadas ainda na fase em que estariam sendo talhadas, são designadas pelo nome de moais
Segundo uma das teorias, os moais foram esculpidos nas rochas dos vulcões pelos primitivos habitantes, aproximadamente entre os anos 1250 e 1500. 
Algumas das cabeças portam um chapéu vermelho. Foram encontradas cerca de 800, mas muitas foram destruídas em determinadas épocas,  por guerras internas entre as tribos que viviam na Ilha da Páscoa, ou por um maremoto. Algumas dezenas de estátuas foram restauradas na década de 1990 por projetos envolvendo o governo e a Universidade do Chile.
                               fotos by: Isadora Pamplona



Os moais estão colocados sobre plataformas de pedra chamadas "ahu". O Ahu Tongariki é o maior deles e tem 15 estátuas.


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Dicas/experiências:
- para quem pensa em incluir a Ilha da Páscoa no roteiro, é bom estar preparado para caminhar (ou pedalar) bastante. É necessário levar água para beber, pois o sol é forte e não há, pelos caminhos e trilhas, locais para comprar.
- cuidar para não pisar nos locais sagrados (há sinalização), pois os nativos são zelosos e reclamam dos turistas que se aproximam demais das plataformas funerárias.
- vale conferir os grupos locais de ballet, que apresentam espetáculos de dança típica, cultural e folclórica.

Grupo Matato'a  



Os grupos mais conhecidos são o Matato'a (clique para ver beleza de dança) e o Kari Kari (espetáculo na praia de Anakena).
Canções e coreografias de bailarinas ondulantes e dançarinos de corpos seminus e tatuados. Os rapazes enfeitam o corpo, usam uma espécie de saia, requebram, mas não deixam de salientar os traços de masculinidade. 
Na manhã seguinte ao show fomos a um tatuador e - para selar o encantamento que me provocou a Ilha da Páscoa -, tenho gravado no braço a palavra iorana (uma saudação na linguagem Rapa Nui que ouvia todos os dias dos simpáticos moradores de Hanga Roa).
Anualmente, entre a última semana de janeiro e as duas primeiras semanas de fevereiro, é realizado o Tapati, uma espécie de festival de celebração da cultura Rapa Nui, envolvendo canto, esportes tradicionais e competições de dança (saiba mais).
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