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Ilha da Páscoa (Rapa Nui)

               Para mim, se existe um paraíso na terra ele fica no meio do Pacífico
A Ilha da Páscoa fica no meio do caminho
entre a América do Sul e a Polinésia Francesa,
a cerca de 3.700 quilômetros do Chile
e a mais de 4.000 quilômetros de Papeete, no Tahiti 

       Dos lugares que conheci, a Ilha da Páscoa é o único no qual eu gostaria de morar pelo menos por alguns meses. 
        Eu havia conseguido, em cima da hora, montar um miniroteiro para uma semana no Chile contemplando a capital, Santiago, mais Ilha da Páscoa. As datas para visitar a ilha, no entanto, tinham que ser adaptadas à frequência dos voos da companhia que fazia o percurso, na época disponíveis apenas em alguns dias da semana.
     Assim, chegamos em plena véspera do Natal e sem idéia exata do que o local tinha a oferecer.  Nenhum mapa, agências de turismo e locadoras fechadas por causa do feriado, só um caixa eletrônico funcionando.
    



     Cerca de seis horas de voo entre São Paulo e Santiago (as asas do avião parecem quase tocar nos picos nevados dos Andes), mais umas cinco horas (sobrevoando a imensidão do oceano), até avistar a Ilha da Páscoa. 
      Aterrissagem num miniaeroporto. 
     Pela primeira vez havia alguém na sala de espera com um cartaz e meu nome nele em letras grandes. Fomos recebidas, minha filha e eu pelo dono da pousada, que nos brindou com colares, daqueles de flores naturais, coloridas, feitos pelos nativos. A pequenez do ambiente, as flores, a simplicidade, a delicadeza da recepção, tudo dá uma nova dimensão às expectativas e as canaliza para uma mudança instantânea de estado de espírito. Estamos em Rapa Nui.
         Chegamos à tardinha à pequena vila de Hanga Roa, área urbana onde vive a maior parte da população local (em 2011, segundo o Instituto de Estatística do Chile, 5.035 pessoas, 30,8 habitantes por  km²). 
         O albergue (Kona Tau) era um lindo bangalô em meio a flores e os donos, gentilmente, nos convidam a participar da ceia de Natal. Declinamos, agradecemos e saímos a fazer um primeiro reconhecimento noturno. 
     Um nativo se ofereceu para nos levar e nos apresentou o Pisco (variedade local de aguardente de uva e que é produzida no Chile e no Peru). Já no escuro, por ruelas de chão batido e sem iluminação, chegamos à praia e avistamos o primeiro Moai, que nos pareceu bem menor do que a imaginação sugeria. Perigo nenhum (os moradores lembram que ali não há crimes, pois não há como fugir). 

     No dia seguinte, pensávamos em percorrer (a pé) a ilha (cerca de 170 km²). A sorte ajuda os incautos. No café da manhã, na cozinha comunitária, conhecemos uma chilena que estava retornando de uma temporada na Nova Zelândia. Ela havia alugado um carro e pergunta se tínhamos interesse em dividir despesas.
Era tudo o que queríamos. Um carro, motorista, boa companhia. Lá fomos, as três, percorrer aquele “nada” mais encantador que já conheci na vida.




Só o que se vê são descampados, caminhos e trilhas por áreas abertas, sem relevos nem árvores de grande porte, os recortes das praias, vulcões extintos, cavernas. Tudo pontilhado por aquelas estátuas estranhas e de origem ainda não decifrada. 





Não existem por lá pássaros, insetos (nada de borboletas), cobras, morcegos ou ratos. Apenas gado e algumas espécies de animais domésticos. De vez em quando se avista algum turista, ou pequenos grupos, a pé, de carro, moto ou bicicleta.



A Ilha da Páscoa formou-se a partir de erupções vulcânicas. Nas crateras dos vulcões, atualmente extintos, a água acumulada da chuva forma grandes lagos.                                   
              
        Vulcão Rano Kau




O Parque Nacional Rapa Nui integra o Patrimônio da Humanidade e tem lindas (só duas) praias, como Anakena, onde se pode admirar dois grupos de moais. O local serviu de cenário para o filme Rapa Nui produzido por Kevin Costner.

 Os habitantes são simpáticos com os turistas, que chegam em navios ou nos voos semanais que fazem o trajeto Chile-Tahiti.
Entre as atrações locais, um pequeno museu, lojinhas de artigos de artesanado, bons hotéis e pousadas, restaurantes, bares e casas noturnas. Pode-se andar a cavalo e praticar mergulho e canoagem.


Moais
As estátuas monolíticas e de cabeças desproporcionais espalhadas pela ilha, isoladas, em grupo, ou até mesmo caídas e abandonadas ainda na fase em que estariam sendo talhadas, são designadas pelo nome de moais
Segundo uma das teorias, os moais foram esculpidos nas rochas dos vulcões pelos primitivos habitantes, aproximadamente entre os anos 1250 e 1500. 
Algumas das cabeças portam um chapéu vermelho. Foram encontradas cerca de 800, mas muitas foram destruídas em determinadas épocas,  por guerras internas entre as tribos que viviam na Ilha da Páscoa, ou por um maremoto. Algumas dezenas de estátuas foram restauradas na década de 1990 por projetos envolvendo o governo e a Universidade do Chile.
                               fotos by: Isadora Pamplona



Os moais estão colocados sobre plataformas de pedra chamadas "ahu". O Ahu Tongariki é o maior deles e tem 15 estátuas.


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Dicas/experiências:
- para quem pensa em incluir a Ilha da Páscoa no roteiro, é bom estar preparado para caminhar (ou pedalar) bastante. É necessário levar água para beber, pois o sol é forte e não há, pelos caminhos e trilhas, locais para comprar.
- cuidar para não pisar nos locais sagrados (há sinalização), pois os nativos são zelosos e reclamam dos turistas que se aproximam demais das plataformas funerárias.
- vale conferir os grupos locais de ballet, que apresentam espetáculos de dança típica, cultural e folclórica.

Grupo Matato'a  



Os grupos mais conhecidos são o Matato'a (clique para ver beleza de dança) e o Kari Kari (espetáculo na praia de Anakena).
Canções e coreografias de bailarinas ondulantes e dançarinos de corpos seminus e tatuados. Os rapazes enfeitam o corpo, usam uma espécie de saia, requebram, mas não deixam de salientar os traços de masculinidade. 
Na manhã seguinte ao show fomos a um tatuador e - para selar o encantamento que me provocou a Ilha da Páscoa -, tenho gravado no braço a palavra iorana (uma saudação na linguagem Rapa Nui que ouvia todos os dias dos simpáticos moradores de Hanga Roa).
Anualmente, entre a última semana de janeiro e as duas primeiras semanas de fevereiro, é realizado o Tapati, uma espécie de festival de celebração da cultura Rapa Nui, envolvendo canto, esportes tradicionais e competições de dança (saiba mais).
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