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Peschiera (Lago di Garda)

Lago di Garda (Peschiera, Sirmione, Limone) 

                                            Foto by: Marta Netto








Peschiera guarda um pequeno segredo, por mais que pareça só uma cidadezinha típica italiana à beira de um lago. Ali, por ruas ensolaradas e quase vazias, fui recolhendo as primeiras experiências e a coragem para me transformar na turista capaz de viajar sozinha. Sem roteiro certinho, sem pacotes, sem guia. Ou melhor, aprendendo a ser minha própria guia.
Precisei pegar jeito com mapas “no tranco”, pois até então sempre viajei acompanhada e nunca havia me preocupado a sério com isso. Viajava há alguns dias com um grupo de amigos mas, quem entendia os mapas era a Suzy, que também dirigia nas estradas. Edel e eu tentávamos ajudar (olhando os nomes das ruas nas placas), Ingri fazia a co-piloto e administrava o GPS, Abelardo revezava na direção. 
Fui levada a Peschiera pela Ingri, por sua vez amiga de Marta que, mesmo sem me conhecer aceitou hospedar-me por uns dias, enquanto eu decidia o que fazer. Eu tinha pela frente mais uns três meses para conhecer o mundo e roteiro quase nenhum. 

A pequena localidade fica num ponto estratégico entre dezenas de outras no entorno do Lago de Garda, maior lago da Itália (embora o segundo se chame Maggiore). Pelas margens panorâmicas que abraçam a cidade fui descobrindo o portal para uma geografia toda nova. O lugar reúne várias das características que agradam em cheio turistas de qualquer quadrante: um lago, sol, montanhas, comércio atraente, restaurantes, artesanato. Encontrei vários brasileiros morando e trabalhando em Peschiera como diaristas, em lojas, em lan houses, no supermercado.

Ainda no primeiro dia conhecemos Sirmione, bem pertinho e graciosa como ela só. Seu centro histórico mistura arte e paisagem romântica em meio a ruínas de fortificações romanas. Chega-se a ela, que se esparrama por uma espécie de península, através de uma ponte que liga um castelo ao lago. O grupo retornou a Pádua e eu fiquei em Peschiera.

Por sugestão de Marta, peguei um dos barcos de linha que percorrem o lago em sua extensão (370 Km). Era possível descer nos vilarejos, pegar outro barco ou retornar a Peschiera de ônibus. Considero esse o meu “batismo”, por ser o primeiro que fiz realmente sozinha. Não conhecia nada nem ninguém, ouvia palavras em alemão, italiano, seilámaisoquê. A vida estava me dando um presente e, bem na hora, eu nem podia trocar idéias com outra pessoa. Sensação quase indescritível, como um sonho bom.

Era primavera na Itália, o sol tímido refletia no pico das montanhas alpinas ainda com resquícios de neve contrastando com o azul intenso da água e do céu. Deixando Peschiera para trás, ao sul, margens espraiadas e suaves colinas. À medida em que o barco se aproxima do norte, o lago vai se estreitando entre penhascos tão perto da margem que parecem uma cortina de rochas. É parte da cadeia das Dolomitas.






Enquanto a pequena embarcação atracava nos pontos para deixar e pegar passageiros, eu ficava embevecida apenas olhando tudo em volta. 






Marta havia recomendado que eu conhecesse Limone, mas, quando paramos ali fiquei sentada no mesmo lugar, achando os vilarejos que via pela janela todos muito parecidos.
Uma ponta de curiosidade me fez levantar e dar uma “espiada” lá fora. Surpresa das surpresas! Vista pelo outro lado do barco Limone se mostrava um cenário deveras impressionante. Uma lindura cercada de montanhas tão íngremes, tão altas e tão próximas como eu jamais havia visto na vida.



Fiquei encantada, desci, caminhei por tudo, cliquei mil fotos. Escolhi, para almoçar, um restaurante à beira do lago. Como fundo musical (eu estava na Itália!), ouvia as risadas e alguns gritos de rapazes que remavam em pequenos barcos. O sol se tornara extasiante e o eco – por causa das montanhas – repercutia ao longe em reverberações: risos... gritos, um nome... risos... risos...



Dia perfeito para turista iniciante em sua verdadeira primeira viagem.


À tardinha, voltei ao apartamento e tomamos um café, conversando juntas: Marta, suas companheiras que com ela dividem a casa, a meiga adolescente Danielle (que me emprestou o quarto) e sua mãe. Quatro brasileiras em Peschiera. Cada uma a seu modo “fazendo a vida” fora de seu país.
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Mais sobre Itália, no blog, em:
Agrigento
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Dicas/experiências:
Lago di Garda, site oficial: (em italiano):
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