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Arles (Provence-Alpes-Côte d’Azur)

Embriaguei-me (sugestão de uma amiga) de sol e amarelo na Provence
                                                                                                                           foto by: vggallery
Vincent Van Gogh
"Campos de Trigo nas proximidades de Arles"
                   Quando passei pelo interior da França, queria fazer um roteiro sobre os passos dos impressionistas na região da Provence. Mas, me contentei em “roubar” um dia da estada em Avignon para conhecer Arles, da qual eu nada sabia (a não ser  por A Arlesiana, de Van Gogh, acervo do MASP, e as Suítes no. 1 e 2 de Georges Bizet). (Clique p/ uma amostra no Youtube:).                           
                                                                     
                                                                  fotos by: Ira
No caminho,
pela janela do ônibus,
eu enxergava paisagens como essa,
que me deixavam de olhos bem arregalados




          Ao comprar o bilhete de trem, ouvi que o primeiro horário a sair era de um ônibus. Tive que descobrir “na marra” o que era uma gare routière (estação rodoviária), por sorte ali pertinho. Ah, tem desconto para quem tem mais de 60 anos. 
          Pensei: se eu vivesse por aqui, certamente endoidecia e também teria ímpetos de sair por aí pintando tudo de amarelo, da cor do sol, do girassol, (dos teus cabelos...).
Arles, às margens do rio Ródano






       Da estação de trem, chega-se em cerca de 10 minutos a pé ao centro histórico de Arles. 
     Pelo caminho, o cais do rio Ródano foi me servindo de guia (por ali Van Gogh, nos dias de bom tempo, instalava seu cavalete e lançava olhares ao redor buscando inspiração).






                 Gostei de andar pelas ruas tortas e estreitas, plenas de casas coloridas, com portas e janelas decoradas de diversas formas poéticas e imaginativas. 


Rua em Arles


















          
     Além da arquitetura singular, Arles tem um patrimônio histórico valioso, cuja atração principal são as ruínas bastante preservadas de um anfiteatro romano (arena), onde atualmente se realizam espetáculos de touradas nas temporadas de verão.
Arena de Arles       






      Arles foi uma antiga cidade da Gália Romana, importante porto fluvial. Data do século 7 a.C. e guarda outros importantes vestígios dessa dominação, como as Termas de Constantino e ruínas de um Circo Romano.

          
        Aqui e acolá, feiras e mercado de produtos artesanais da região (imperdíveis aromas e temperos), além de cafés e restaurantes de fachadas e menus pra lá de atraentes.


          A cidade hospeda também festivais, como o Festival Internacional de Fotografia, espetáculos de teatro e festas tradicionais da cultura provençal.










Van Gogh,
       "O pintor a caminho do seu trabalho"





















          




          Mas, dizem que, entre tantas atrações, os turistas (eu incluída) querem é saber de Van Gogh
               Arles é pródiga em referências ao artista, que ali passou pouco mais de um ano (entre 1888 e 1889) e onde recebeu a companhia de seu amigo Paul Gauguin.




foto by: vggallery



          Uma dessas referências é a famosa Pont du Langlois (mais conhecida como Ponte Van Gogh), várias vezes reproduzida em desenho e pintura. 
        A ponte (levadiça, de madeira) atravessa o canal de Arles. Foi destruída durante a Segunda Guerra, mas tem sido regularmente restaurada. 
      Quem está a pé precisa caminhar bastante para chegar lá.



          Foi em Arles que a saúde mental do artista manifestou sinais de cansaço e culminou com o episódio em que Van Gogh cortou a própria orelha e precisou ser hospitalizado. Foi ao mesmo tempo uma de suas fases mais produtivas, ele fez mais de 200 quadros na cidade. Os atuais administradores de Arles, no entanto, confessam que os cofres públicos locais não possuem dinheiro suficiente para exibir uma das obras do mestre holandês.
          Os moradores contemporâneos reclamavam da “loucura” do artista e chegaram a fazer uma petição exigindo que Van Gogh fosse internado. Pouco tempo depois, ele mudou-se para um asilo na vizinha cidade de Saint-Rémy.
          Outra importante referência ao pintor em Arles é a conhecida “Casa Amarela”, na Place Lamartine. Van Gogh mesmo escolheu a cor para a pintura da fachada. Ele alugou quatro cômodos no local. Ao retratar um deles, Van Gogh, sem saber o transformou numa das mais conhecidas de suas pinturas, por ele reproduzida em quatro versões. O artista morreu aos 37 anos, pobre, sem conhecer a fama que o sucederia.















          Elegi o “Quarto em Arles” meu ideal de consumo: quem me dera um dia ser proprietária de um quarto assim tão singelo e expressivo.
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Dicas/experiências:

Informações Turísticas:
Visita virtual às principais atrações, incluindo um tour especial com itinerário sobre os passos de Van Gogh com aplicativos para Android e I-Phone:
http://www.arles-tourisme.com/
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Sampa (São Paulo), a pé pela Capital

"Alguma coisa acontece no meu coração"
Sampa (de Caetano Veloso):                                                                     fotos by: Ira                                     
Av. Paulista, São Paulo (SP)
             Nas primeiras vezes que vi São Paulo eu não a vi realmente, apenas estive nela. Vinha “do interior”, em curtas visitas, não fazia idéia de uma cidade assim tão grande. Lembro de ter estado no Ibirapuera, numa pizzaria no Bexiga, ter visto os lampiões do bairro Liberdade e que morri de medo de me perder quando minha amiga entrou no metrô e a porta se fechou de repente me deixando do lado de fora. Enfim, a porta abriu de novo e eu entrei esbaforida. Retornei outras vezes à capital paulista. Mas, eu nunca estava só.           
                Há poucos anos me deparei "frente a frente" sozinha com São Paulo. No começo, andar pelas ruas me assustava. Via tudo feio, escuro, sujo, pobre. Mas, aos poucos uma outra cidade foi se revelando aos meus olhos curiosos. 
         Então, aconteceu de eu começar a gostar dela, assim sem explicação plausível. Ela mudou desde a vez primeira em que a vi, e é certo que mudei eu. 
                 Vejo tudo feio, escuro, sujo, pobre. E bonito, luminoso, limpo, rico. Esta megalópole consegue ser bonita como ela só! E tem vários microcosmos.             Espelho mágico, reflete imagens diversas para cada retina que  a capta.
          Reflexo do reverso. Verso e anverso. Verso e poesia inteira. Vidro e aço.  Espelho. Vidraça.       
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           Sempre admirei a canção do Caetano. Agora sei que ela traduz exatamente o que senti ao ver São Paulo no começo. Por isso, faço aqui minha homenagem a ambos.

         “[...] É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas [...]”
 

“[...] Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto [...]"

'[...] É que Narciso acha feio o que não é espelho[...]”


















“[...] E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de relidade [...] ”














                              "[...]Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
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Dicas/experiências:
Turismo: site oficial:
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Principado de Mônaco (Monte Carlo)

Pequeno país cheio de charme                                                                              fotos by: Ira

          Minúsculo amontoado de prédios de luxo (valor do metro quadrado próximo dos USD 50 mil), encravado num recanto paradisíaco da Riviera Francesa, o Principado de Mônaco é, por si só, a maior atração local e atrai como ímã. 


         Pelas ruas circula aquela gama de pessoas com elevado índice de glamour: príncipes e princesas, astros e estrelas do cinema, campeões dos circuitos da Fórmula 1, endinheirados com cacife para deixar fortunas nos cassinos. 

      E muitos turistas, entre os quais nos inserimos, Larissa e eu, vindas de trem da vizinha Nice (poucos minutos de viagem).

      Há jeitos diferentes – e, sim, mais charmosos – de chegar: helicóptero, num iate particular ou num barco de cruzeiro pelo Mediterrâneo. 
   Descemos na estação e seguimos caminhando até o centro, perguntando e seguindo as placas pelas ruas. 




      Decidimos fazer um city tour e então tivemos noção do quão diminuto é o país (cerca de dois quilômetros quadrados) porque o guia vai explicando enquanto o ônibus faz e refaz o mesmo trajeto várias vezes.
            

          

                    Logo na entrada da Praça do Palácio (no local chamado “O rochedo”), a estátua do monge que deu origem ao nome “Mônaco”. 
                      Segundo uma lenda, em 1297 um ancestral dos Grimaldi conseguiu entrar no local disfarçado de monge. Derrotou a guarda e permitiu a entrada de seus homens para capturar a fortaleza que, assim, passou para o domínio da família.






          



             Não deu para apreciar o interior do palácio nem assistir a cerimônia da troca da guarda, pois chegamos na véspera do casamento de Sua Alteza Sereníssima, o príncipe Alberto II, quando a cidade estava ultimando os preparativos, especialmente questões de segurança. 
          Por pouco não peguei o segundo casamento principesco da minha viagem, que começou por Londres, onde, sentada no gramado do Green Park, havia assistido ao Royal Wedding de William e Kate.
          Fizemos passeios a pé, descobrindo a cidade por ruelas estreitas, cheias de restaurantes e lojas de souvenirs. Depois, optamos pela agradavel travessia de barco (boat-bus) no curto trajeto entre o bairro Mônaco-Ville e a parte dos cassinos.
Mônaco
Fachada posterior
 do Museu Oceanográfico
Catedral de Mônaco


          

          
          

          

         Entre as atrações de Monaco-Ville, o belo edifício do Museu Oceanográfico, que ergue-se num penhasco sobre o mar Mediterrâneo, e a Catedral de San Nicolau, também conhecida como Catedral de Mônaco. 
          O Instituto Oceanográfico foi, durante muitos anos, chefiado pelo comandante Jacques Cousteau. Na Catedral de Mônaco estão enterrados muitos Grimaldi, incluindo a princesa Grace Kelly e seu marido, Rainier III. Ficamos rodando nos corredores tentando identificar a tumba de Grace, até nos darmos conta de que estava escrito em latim "Gratia Patricia".
Larissa e eu
       na praça do Cassino de Monte Carlo
Passamos pelos cassinos (só para olhar e posar para fotos, nada de apostas) e seus lindos jardins.
Jardins dos Cassinos, Monte Carlo
   O bairro Monte Carlo, onde estão os famosos cassinos, é o mais conhecido . A pequena circunferência da Praça do Cassino reúne jóias da arquitetura (a réplica da Ópera de Paris é do mesmo arquiteto).
Mônaco,
      tapete vermelho para circulação dos VIP's na Marina

    
          Um complexo de grandes (e lindos) prédios fazem parte do plano habitacional do governo local (o BNH de quem pode), que cede os apartamentos como moradia para as centenas de pessoas que lá trabalham. Mal comparando com as “dependências de empregada” que conheço, aquilo é um luxo só.

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Dicas/experiências:

Turismo: site oficial - http://www.visitmonaco.com/en
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Rússia (turismo & gastronomia) - Parte I

Moscou - Experiências gastronômicas
                                                  
Aprendi (com a insistência da minha filha) que faz parte da experiência interessante que é conhecer outros lugares e outras gentes sentir um pouco dos sabores locais, muitas vezes indecifráveis e, logo, indescritíveis. Em nosso primeiro dia em Moscou, saímos à procura de um lugar para tomar café. Nosso otimismo durou só até entrarmos no primeiro lugar que conseguimos ler: кофе, isto é “Café”, segundo o nosso cursinho rápido de alfabeto cirílico pelo Google. Para escolher no cardápio, foi preciso recorrer à linguagem universal da mímica.
             foto by: Isadora Pamplona


          Já estava valendo, pois tinha um “samovar” a um canto, parte da decoração do lugar e eu o estava vendo na Rússia. 
           O pouco que eu sabia a respeito do país vinha de leituras da adolescência (Dostoievski, Tolstoi) e eu sentia grande afeição pelo povo russo de quem eu tinha uma imagem anterior à revolução, na época dos Tzares
           E “samovar” (utensílio culinário para servir o chá) era uma peça que nunca faltava, às vezes era a única posse na cabana de um pobre mujique (camponês).



          Tive a felicidade de conhecer casualmente uma russa durante minha viagem, Larissa, que desempenhou o papel de cicerone, levando-nos a lugares e recantos de Moscou que jamais conheceríamos sem a preciosa ajuda dela, incluindo experiências gastronômicas. Começamos pelo topo: levou-nos a fazer um lanche no Gum.
                                                                                                            fotos by:moscou.info



          Sim, naquele prédio lindo e imenso, em um dos lados da Praça Vermelha,






  ... cheio de corredores e galerias, antiga loja de departamentos que, com a queda do regime soviético, tornou-se um famoso Shopping Center
   Larissa queria que provássemos uns crepes especiais.


Área interna -
       Restaurante da Rede Elki-Palki, Moscou
            

 Para o almoço (e para satisfazer nossa curiosidade), Larissa nos levou a um dos restaurantes da rede Elki-Palki (mais ou menos a pronúncia portuguesa), uma rede de fast-food russo. 
          Já comecei gostando da decoração, bem diferente de um Mac Donalds, e do buffet , pois consegui provar vários tipos de comida, sempre seguindo as indicações da nossa cicerone.

                     (fotos by: Ira)

     Ah, não vou saber repetir nomes, mas lembro desse. Fiz um mix, os quadradinhos eram uma espécie de “geléia” de carne cozida (deve ser algo do gênero mocotó). 
      Meu paladar não aprovou essa parte. Mas, o tempero dos demais pratos agradou (dentes inteiros de alho) e retornei outras vezes à mesa central do buffet para repor novidades.


          Larissa nos brindou com um convite pra lá de especial: levou-nos acompanhada de sua família (marido, filho e nora) para jantar em um restaurante típico uzbeque, o Shabada (traduzido seria algo como "brisa"). Ela contou ter passado parte de sua infância no Uzbequistão e que o astronauta Yuri Gagarin era amigo de seu pai. 
Restaurante Shabada (típico uzbeque), em Moscou.
A partir da direita: Larissa, seu filho Ilya e a namorada,
 eu, minha filha Isadora,  e Mikhail,  marido de Larissa
          Ao contrário daqui, quando a gente entra em ambiente fechado e tira a roupa mais pesada, no Shabada há um cabide com longos casacos de pele, parecendo aqueles dos cossacos, para que os clientes vistam. Isso dá uma idéia do que seja o rigor do inverno russo.
      Entre outros acepipes que provamos, comi carne de cavalo (o prato estava no centro da mesa com outras iguarias que eles solicitaram para que experimentássemos e eu não faria a indelicadeza de recusar. Nunca havia pensado antes em cavalos como comida). Faz parte da curiosidade estar preparada para o que der e vier.            
                                                                                                                  foto by: Café Esenin
          Incansável na delicadeza peculiar russa e na missão de tornar nossos dias em Moscou inesquecíveis, Larissa nos levou também para almoçar no Esenin Café, reservando-nos mesa na sala que homenageia o poeta russo – Sergei Esenin - com quem foi casada a bailarina norte-americana Isadora Duncan (a quem homenageei dando o nome da minha filha).
          Num clima do início dos anos 1920, a sala é decorada com fotos do casal. O menu é um desfile dos clássicos russos, de onde Larissa foi escolhendo e fazendo vários pedidos à garçonete para que tivéssemos a chance de conhecer a maior variedade possível.
          
          Entre outras especialidades típicas, conheci o “blini” (espécie de crepe), com dúzias de opções de recheios doces ou salgados, e o “pelmeni” (espécie de pastelzinho recheado cozido). Adorei a sopa borsch (à base de beterraba, mas com vários ingredientes), para ser tomada bem quente no inverno (ou mesmo fria, no verão) à qual se acrescenta um saboroso creme (algo entre nata e creme de leite).
                                                                              (fotos by: Ira)
Sopa Borsch
Pelmeni
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Dicas/experiências:

Shopping Gum: 
Rede de restaurantes fast-food Elki-Palki:
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