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Florianópolis (Trilhas)


Jeitos de amar a ilha                                                                                                  fotos by: Ira
Ponta do Coral, Florianópolis
     Das leituras juvenis recortei cenários imaginados para uma vida perfeita, cuja realização máxima seria morar numa ilha, melhor, num arquipélago. E não é que – danadinha - consegui torcer o leme do destino e ancorar numa paisagem dessas?
     Nos meus desenhos recorrentes de criança havia um recanto de mar com um barco ancorado. Na margem, um caminho estreito que levava à porta de uma casinha simples (fumaça saindo pela chaminé),  o voo de pássaros por entre nuvens, o recorte de uma árvore. Ao fundo, o sol se pondo por trás dos montes. 
                    Quem conhece a Ponta do Coral sabe do que estou falando. E eu a desenhava sem saber que ela existia de verdade.
Santo Antônio de Lisboa
               
                  Amo esta ilha de Santa Catarina, porção maior da capital Florianópolis. Vejo-a como um mosaico de belezas que se encaixam como um puzzle customizado: cada um  vai montando um desenho único em acordo com as suas afinidades: porções de mar, lagoas, morros, trilhas, servidões. Barcos, bruxas, cachoeiras, rendeiras. Prédios de apartamentos, igrejas, casas, fortalezas. Pontes, rios, mangues, trapiches, canais, baías.


Alto do Morro do Tijuco

            

          
         Apreciar a natureza local é uma das minhas programações prediletas, entre as dezenas de escolhas possíveis. Fazer trilha, é uma delas, há vários organizadores e diferentes roteiros. 
           Num grupo de 41 pessoas, tendo como guia o Assessor Esportivo Vanderlei Moreira Prates (site), participei de uma trilha que, partindo da Praia do Saquinho, na Costa da Lagoa, chega ao Morro do Tijuco, de onde se desfruta uma vista panorâmica.
Costa da Lagoa

         

             
               O ponto de encontro - cedinho da manhã -  foi no estacionamento do Lacustre (local de passeios de barco) no bairro Rio Vermelho.
      Teve distribuição de kit-lanches aos participantes (água, energético, frutas, barras de cereais). Dali, fizemos uma travessia de barco até a Costa da Lagoa, onde seria iniciada a caminhada. Antes, o grupo fez alongamento e recebeu orientações do guia.
Pausa à sombra
        
         

          

               Bem no comecinho, um longo trecho de subida exigiu pernas e fôlego da turma. Por sorte o dia estava nublado amenizando o calor e caminhamos bastante sob a sombra das árvores. Cheirinho bom de mato. Fizemos pausa breve para repor energias, reagrupar os participantes, repassar repelente, e... adiante, para o alto.
     Quando chegamos ao ponto máximo da trilha, a vista é um deslumbre: de um lado avista-se a lagoa, de outro, parte da praia e dunas de Moçambique, Morro das Aranhas e Morro dos Ingleses. Parada para lanche, cada um procura bom ângulo para as fotos. Cada um faz seu momento especial de encontro com a beleza (interna e externa).
          Ah, a descida não é fácil como se imagina, não. Refazer os passos sofridos da escalada, ao revés, testando os freios-de-pé exige esforço. É pedra, córrego, galho, folhas secas, areião. É pulo, escorregão, agachamento, mistura de aeróbica com obstáculos.
     Durante o percurso a paisagem se descortina sob variadas formas. Vi moradas e recantos especiais, pessoas e modos de vida especiais. Tudo renovou meu olhar interior e aumentou o apreço que tenho por esta ilha-paraíso.
                    Ao final, nos encontramos todos para um almoço coletivo no Restaurante do Cabral, na Costa da Lagoa. No cardápio frutas, peixe, frango e complementos. Dali, retornamos de barco ao Rio Vermelho. 
Acelerando, na direção do restaurante...
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Características desta trilha, segundo o guia Vanderlei Moreira:
Extensão: 9.300km (ida e volta);
Preparo físico: mediano a bom (requer atenção em subidas e descidas);
Tipo de terreno: areia, chão batido, folhagens secas, trechos cobertos pela vegetação;
Risco: médio;
Tempo de percurso: 4 horas aproximadamente (incluindo o trajeto de barco até o início da trilha e a depender do perfil do grupo);
Peculiaridades: subidas e descidas acentuadas, travessias de pequenos riachos, mirantes naturais;
Altimetria: de 0 a 180 metros (chegando a 220 metros).

Pausa para a foto "oficial"do grupo
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Stratford-upon-Avon

Na terra de Shakespeare                                                                fotos by: Isadora Pamplona
        Os principais atrativos locais são fortemente associados às casas e propriedades nas quais viveram os pais e familiares do maior poeta e dramaturgo inglês, William ShakespeareStratford tornou-se mundialmente conhecida por ser o lugar de nascimento de Shakespare. A cidade consegue manter uma série de atrações relacionadas ao teatro e recebe cerca de três milhões de visitantes por ano. É a sede da Royal Shakespeare Company, um dos mais importantes espaços culturais da Inglaterra.

                  Os roteiros turísticos mostram a casa natal de Shakespeare e diversas propriedades a ele relacionadas, entre outras: a Anne Hathaway’s Cottage (de sua esposa), a Mary Arden’s House (de sua mãe), a casa de sua filha Susannah e a casa onde o poeta viveu seus últimos anos até sua morte em 1616. 
Minha amiga Lais e eu
     ao lado da Holy Trinity Church

   
            


          Destaque local também é a Holy Trinity Church, igreja na qual Shakespeare foi batizado e onde seu corpo está enterrado.
         Artesão e comerciante, o pai de Shakespeare estabeleceu-se em Stratford como fabricante de luvas. 
        A casa em que teria nascido e vivido o poeta enquanto jovem preserva as características do período dos Tudor e ali estão expostos alguns artefatos para trabalho em couro, originais e réplicas.  Aos fundos, um pequeno jardim tradicional inglês convida a um breve passeio.









          Apenas caminhar pela cidadezinha às margens do rio Avon, observar as suas ruas com prédios de madeira emoldurada, estilo enxaimel, revelou-se uma ótima atração. Divertimo-nos com o estilo das placas, com denominações estranhas, iguais as que se vê em filmes de época nas portas das estalagens.



     
     Os parques atraem visitantes e, por todos os lados, se vê grupos de turistas entrando e saindo das lojas, restaurantes, pubs e cafés. 





Lais Legg e eu, inseridas na paisagem

           Complementando as passagens pelas margens do rio Avon, há pontes sobre o canal que dão um ar romântico às tardes de sol, além de várias opções de passeios de barco.






          



            Visitamos a Butterfly Farm, um paraíso de borboletas e mariposas criado com o intuito de mostrar o ciclo vital desses insetos da forma mais natural possível (fugindo do estereótipo de guardá-los mortos sob um vidro, espetados com alfinetes).

          Na verdade, trata-se de uma grande estufa que reproduz um ambiente de clima tropical com grande variedade de plantas, umidade que imita uma chuva de verão e espaços por onde entra a luz do sol.
                Os visitantes caminham pelas veredas ajardinadas, decoradas com lagos e cachoeiras, e se detêm observando ao redor a vida de centenas de espécies de borboletas de todo o mundo nas suas mais diversas fases de vida. Além de lagartas, besouros e centopéias, a exposição mantém ainda outros insetos exóticos e espécimes de escorpiões e aranhas.  
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Mais sobre Reino Unido, no blog, em: 
Shakespeare's Globe Theatre
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Mariana (MG)

Primeira capital de Minas                                    fotos by: Ira        
Estação de Mariana
O trenzinho está chegando...
                    
                   Bem pertinho de Ouro Preto está Mariana (inserida no Ciclo do Ouro), que representa um dos mais bonitos conjuntos barrocos do país. 
                  Foi a primeira vila e uma das que mais produziu ouro para a Coroa Portuguesa, conquistando assim o direito de tornar-se também a primeira cidade e primeira capital de Minas Gerais. 
               Seu nome faz homenagem à rainha Da. Maria Ana de Áustria, esposa do então rei de Portugal, D. João V. Mariana foi ainda uma das primeiras cidades planejadas do Brasil e isto se reflete no traçado retilíneo de suas ruas e praças.
                     Pode-se chegar à cidade de carro, ônibus e até de bicicleta, mas um dos meios preferidos pelos turistas é o percurso de trem que dura aproximadamente uma hora. A construção do ramal de Ouro Preto foi iniciada em 1883 e seu prolongamento até Mariana foi concluído em 1914. O Projeto Trem da Vale reativou há alguns anos o trecho ferroviário de 18 km que liga as duas cidades e recuperou as quatro estações do percurso.
                 


                    Pelo caminho, a depender do lado escolhido para sentar-se à janela é possível desfrutar lindas paisagens pontuadas por vilarejos, riachos e cachoeiras.  
                  Mas, se porventura o passageiro ficou do lado “errado”, terá apenas a vista monótona do verde das árvores, campos, colinas (o que aconteceu comigo na ida e na volta, pois quando cheguei na estação já havia uma fila imensa de turistas mais espertos).
                    
Catedral Basílica da Sé

          
                    As igrejas são a grande atração das cidades históricas mineiras, assim como a arquitetura  e o casario. 
                No trajeto entre a pequena estação e o centro de Mariana, encontra-se o primeiro ponto de interesse turístico: a Catedral Basílica da Sé, construída em 1701. 
          Em 1753 a catedral recebeu um órgão de presente do rei D. José I. Único daquela fabricação existente até hoje fora da Europa, ele ainda funciona e recebe visitas de organistas que ali executam peças para as frequentes exibições musicais locais.
Santuário Nossa Sra. do Carmo
                    
          




                   Um pouco adiante chega-se à Praça de Minas Gerais, em torno da qual estão três monumentos históricos de Mariana: a antiga Casa de Câmara e Cadeia e as igrejas São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo (as igrejas estão ao lado uma da outra e parecem gêmeas).





Igreja São Francisco de Assis
(na frente, um pelourinho)
foto by:  
          Mariana tem um atrativo especial, que é a Mina da Passagem, onde se concentrava toda a produção de ouro. 
          Os visitantes são levados de trolley (espécie de vagão com bancos movido por cabos de aço) até as galerias subterrâneas com 315m de extensão e 120m de profundidade. 
          O cenário interior impressiona, com 30 quilômetros de túneis, dezenas de corredores e lagos naturais onde se pratica até mergulho em caverna. Desde sua fundação, no início do século 18, foram retirados dali aproximadamente 35 toneladas de ouro.
                    Assim que chegamos, na própria estação do Maria Fumaça contratamos um táxi que nos levou até Passagem, distrito próximo de Mariana (a 5 km) onde está localizada a antiga construção que, de acordo com as informações oficiais, é a maior mina de ouro aberta às visitações turísticas no mundo. 
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Ouro Preto (MG)

Panorama histórico                                                 fotos by:Grande Hotel Ouro Preto

                               Ouro Preto proporciona imagens sensacionais, marcantes! Diferente de qualquer outra que já vi, a cidade esparrama suas belezas como um manto de brocados pelos vales e montes, estes quase todos encimados por uma igreja e suas torres. 



                   Pareceu-me estar num hiato entre passado e presente, com suas ruas em pedras, o casario colonial, os oratórios, as pontes, os chafarizes. 
  Ruínas de senzalas, minas antigas e prédios setecentistas convivem com o burburinho dos grupos de estudantes e turistas.
Praça Tiradentes

              Importantes trechos da História do país ainda parecem ecoar na antiga Vila Rica, capital da Província de Minas Gerais até 1897.    
  Na Praça Tiradentes, a estátua do herói é presença marcante que paira altiva sobre todos os recantos do quadrilátero. 
     O ouro que não foi levado embora naqueles séculos recobre as imagens, altares e capelas das dezenas de igrejas locais.
     Da praça principal, estendem-se para todos os quadrantes as principais ruas, em contínuos  aclives e declives (haja fôlego e pernas!), pelos quais se anda bem devagar e se vai recebendo anacrônicos cumprimentos dos moradores: “bom dia!”, “boa tarde!”. Uma delícia para os meus ouvidos e meus hábitos interioranos. As ladeiras de Ouro Preto exigiram de mim resistência para as subidas, controle nas descidas e sensibilidade para admirar todas as belezas do entorno. Saí de lá com essas características reforçadas.
Matriz N. Sra. do Pilar

                     São muitas as atrações, entre as quais menciono (de forma aleatória) as seguintes: Matriz Nossa Senhora do Pilar (a primeira que visitei), considerada um requintado exemplo do barroco nacional, com mais de 400 anjos esculpidos. Sua ornamentação possui cerca de 400 quilos de ouro e 400 de prata. Na sacristia, o Museu de Arte Sacra reúne tesouros em imagens religiosas do século 18, entre as quais uma de Nossa Senhora das Mercês portando brincos de Topázio Imperial, atribuída a Aleijadinho. A entrada é paga e o museu exibe também pratarias, mobiliário e paramentos sacros.
Euzinha, admirando a vista
da janela da casa
que foi de Tomás Antônio Gonzaga

          
          Bem perto dali, fica a casa onde residiu o inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, na qual atualmente funciona um Centro de Informações Turísticas. O morador ilustre ficou conhecido pela autoria das liras de “Marília de Dirceu”, nas quais relatava sua paixão por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, que chegou a ser sua noiva.



Igreja Santa Efigênia


               

               O que me atraiu à Igreja de Santa Efigênia (ou Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz), foi a distância – mais  afastada das igrejas do centro histórico – e a extensa rua estreita e íngreme que me desafiava de longe a cada vez que eu olhava para aquele lado.
     Não resisti e me pus a caminho (confesso que precisei fazer umas três paradas estratégicas). Por uma ou duas vezes pensei em desistir. Chegar lá me deu redobrada satisfação.
       A igreja foi construída entre 1730 e 1790, graças ao ouro da Mina da Encardideira, segundo conta a tradição oral, adquirida por Chico Rei (escravo trazido da África e que, liberto, teria comprado a mina). A Mina Chico Rei (Encardideira), com quilômetros de túneis, é uma das atrações que atraem os visitantes. Dizem que com a extração ele teria pago a alforria de seus súditos, também trazidos da África como escravos, e se tornou uma pessoa respeitada em Vila Rica.
Igreja Nossa Senhora do Carmo



         A Igreja Nossa Senhora do Carmo, construída entre 1766 e 1772, recebeu projeto de Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Era frequentada pela aristocracia. Entre outros artistas de renome da época, participaram de sua ornamentação o próprio Aleijadinho e o pintor Manoel da Costa Ataíde.
Museu da Inconfidência
            
        Num dos lados da Praça Tiradentes destaca-se o prédio da antiga Casa da Câmara e Cadeia, onde hoje funciona o Museu da Inconfidência. Para sua construção, iniciada em 1785, trabalharam sentenciados e escravos recapturados dos quilombos, mais um exército de pedreiros, carpinteiros e artistas convocados. O acervo do museu reúne mobiliário, indumentárias e objetos dos séculos 18 e 19, além de um Panteão aos Inconfidentes. 
          No lado oposto da praça, a Escola de Minas funciona no que era o antigo Palácio dos Governadores, que também sedia diversos museus da Universidade de Ouro Preto. Os dirigentes da província ali residiram até 1897, quando a capital foi transferida para Belo Horizonte.
Na sacada da Casa dos Contos

                    O prédio da Casa dos Contos foi construída entre 1782 e 1787 para servir de residência para o administrador de impostos da então capitania. É uma das poucas construções na qual ainda existe uma senzala. Pertence hoje ao Ministério da Fazenda e seu acervo inclui mobiliário dos séculos 18 e 19, instrumentos utilizados para conter e castigar escravos e uma coleção de moedas antigas.

               Vale ainda uma visita à casa onde teria vivido o grande mestre do barroco mineiro, Antônio Francisco Lisboa, ao lado da matriz Nossa Senhora da Conceição, em cuja sacristia funciona o Museu Aleijadinho.

                   À tardinha e à noite ruas, bares e  restaurantes de Ouro Preto ficam apinhados, especialmente no mês de julho, quando se realiza o Festival de Inverno com intensa programação de atividades artísticas e culturais que atraem centenas de visitantes.
                    Um dos points preferidos é o Escadabaixo, que funciona  no porão do Café Geraes na rua mais agitada do centro histórico, a Rua Direita (nome oficial Rua Conde de Bobadela). Mistura diferentes ambientes (restaurante, pub, butiquim) e oferece cardápio com pratos da culinária mineira e internacional, mais petiscos, vinhos, coquetéis e cervejas especiais.  Subindo, o Escadacima é uma loja de cervejas.
                     
Rua de Ouro Preto
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Mais sobre Minas Gerais, no blog, em:
Sabará, Tiradentes, São João del Rey.
- Congonhas do Campo.
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Dicas/experiências:

Alojamento: fiquei no Grande Hotel de Ouro Preto (projetado por Niemeyer), pertinho de tudo, o que facilita os passeios a pé pelo Centro Histórico.
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Avignon

Na “cidade dos papas”                                                                                             Fotos by: Ira













   Na rota de Marselha a Paris, passei por Avignon (região de Provence), cidade que foi residência dos papas durante um período. 



                   Conheci a graciosa canção infantil que fala em “dançar sobre a ponte”, como eu haveria de resistir?

              Encontrei mais atrativos do que esperava: uma cidade medieval inteira ainda murada, lindas paisagens, castelos, o rio Ródano, as delícias da cozinha provençal (e os vinhos cotes Du Rhône).
Pont Saint Benezet

     A famosa ponte, Saint Benezet, construída no século 12, hoje resta interrompida quase na metade do rio. Leva apenas até o melhor lugar do mundo: à imaginação. 
     Antes que me acusem de sonhadora, o  próprio Luis XIV – sim, o rei Sol – teria dito, postando-se na capelinha que existe num dos pavimentos da ponte: “este é o lugar mais bonito do meu reino”!

          Ao chegar, de trem, desci na estação central, pertinho da cidade murada, mas quem disse que conseguia encontrar o endereço do hotel que era para ser “logo ali”? Endereço na mão e munida do meu francês precário, saí arrastando mala e perguntando pela rua até descobrir que havia outra estação, da TGV, era para ter descido nessa. Agora, só precisava entender as orientações (em francês), comprar ticket, encontrar o ponto, pegar um ônibus, descer no lugar certo. C'est ça! 
Castelo dos Papas em Avignon
         
     Avignon foi capital do cristianismo na Idade Média, quando sete papas moraram lá entre 1309 e 1377 durante um cisma da Igreja (Grande Cisma do Ocidente). O nome do vinho Châteauneuf Du Pape faz referência à nova residência dos “antipapas” em Avignon
     Por causa deles foram construídas as muralhas que existem ainda hoje e continuam em bom estado de conservação. 
      Caminhar pelas ruas estreitas de pedra contornando aqueles muros parecia levar-me direto à Idade Média.


               O conjunto arquitetônico da cidade antiga intra-muros, incluindo o Palácio dos Papas e a ponte, é classificado pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade. O Palais des Papes é um grandioso edifício gótico de grossos muros e altas torres, atualmente transformado em museu.     
     Recebe turistas do mundo inteiro e transforma-se num imenso palco no mês de julho, quando se realiza o festival anual de teatro contemporâneo (que perdi, pois parti dois dias antes do início).


               O palácio ocupa cerca de 15.000m², mas, não espere encontrar mobiliário, quadros, decoração. Os visitantes se deparam apenas com mais de 20 salões vazios, incluindo os aposentos privados do papa, onde é preciso usar a imaginação para melhor entender o que se vê. Um dos locais seria a cozinha onde eram preparadas milhares de refeições; em outro salão ficavam abrigadas as tropas; na parte interna há também dois grandes pátios.
Catedral de Avignon







                              Subindo-se as escadarias para a catedral (encimada por uma estátua dourada da Virgem) pode-se desfrutar uma bela vista do rio Ródano, dos campos, vinhedos e castelos ao longe.

                  Sobretudo, guarda-se belas imagens da ponte sobre o rio Ródano, famosa pela canção infantil francesa e também por apresentar-se parcialmente destruída, com apenas quatro dos 22 arcos iniciais. 
            Construída em madeira, no século 12, depois em pedra, a Saint Benezet chegou a ser reconstruída diversas vezes, resistindo bravamente a guerras e inundações. Até que, após uma forte enchente, no século 17, deixaram-na como está.
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Canção: Sur Le pont d’Avignon
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Cagliari

Cagliari, cidade do sol, ao sul da Sardegna                                                foto by: 
Porto de Cagliari
         Uma viagem de 12 horas num navio leva-me à Sardenha, terra de onde meu trisavô teria partido para o Brasil há mais de 150 anos. Desci com um sorriso nos lábios, que logo se desmanchou quando vi os demais passageiros se afastando aos poucos pelo cais até ficarmos apenas minha mala e eu num porto vazio. Não fazia a mínima idéia para qual lado seguir. Saí arrastando a mala, rec, rec, rec pelas ruas... Tudo fechado, ninguém nem assomava à janela. Era domingo! Lição que aprendi no susto: aos domingos, em grande parte das cidades italianas é assim mesmo, nada funciona, é o sagrado dia de descanso.
Romina e eu

   Instalei-me num albergue indicado por um taxista em pleno centro histórico da capital, Cagliari, e saí para uma volta de reconhecimento. Logo nos primeiros passos encontrei duas italianas (Romina e sua mãe), que também subiam as escadarias da fortaleza Bastione di Saint Remy, de onde se desfruta uma vista panorâmica da cidade.  Puxei conversa, terminamos passando a tarde juntas. Conheci duas simpáticas cicerones que repassaram dicas preciosas para minha estada ali.

     Todo o perímetro do bairro histórico do Castelo é circundado por muros que incluem duas torres de defesa ainda preservadas: São Pancrácio (construída em 1305) e a do Elefante (de 1307).  
Torre dell'elefante, Cagliari
     
        Os dias que passei em Cagliari foram dedicados a caminhadas e tentativas de pesquisar alguma coisa sobre meu ancestral, infelizmente sem sucesso. A capital da Sardenha é simpática e muito tranqüila e eu não cansava de passear pelas suas ruas estreitas. Meus itinerários preferidos: sentar em um dos bares e cafés da praça Yenne, ou tomar um sorvete na Via Roma, cujas boutiques atraem como moscas os turistas que chegam de navio e saem direto do porto para as suas galerias. Ah, a culinária sarda, baseada em peixes e frutos do mar pescados no local era uma atração à parte.
   O transporte público é bom. De ônibus, conheci alguns bairros mais distantes e fui até à badalada praia Poetto, a poucos quilômetros de Cagliari e uma das tantas com areias brancas e águas cristalinas que envolvem toda a ilha da Sardenha. O jardim do Horto Botânico, criado em 1865, tem plantas tropicais do mundo inteiro e é um ótimo local para descansar à sombra.                                                  
fotos by: Ira
Cagliari, vista do alto
 da Basílica de Nossa Senhora de Bonaria
     
          A Basílica de Nossa Senhora de Bonaria, no alto de uma colina, proporciona uma vista particularmente interessante de Cagliari e de seu porto. 
        Aliás, a Virgem de Bonaria teria dado origem ao nome da capital argentina, Buenos Aires, que abriga grande contingente de imigrantes italianos. Seu santuário em Cagliari foi levantado para os marinheiros, que também a veneravam em Cádiz, no sul da Espanha. (“Bonaria” teria passado do italiano pela castelanização “buen aire”).
Monumento à viúva Todde





          
          Vale também uma visita ao Cemitério Monumental de Bonaria, nas proximidades, quase uma galeria de arte ao ar livre reunindo uma estatuária em mármore das mais belas que tive oportunidade de ver. Um dos monumentos, o da viúva Todde, representa uma senhora com um xale rendilhado, em mármore,  que mais parece tecido com fios de seda.

                         
                                        fotos by: 
Cemitério de Cagliari,
Monumento a Francesca Warzee,
perfeição talhada em mármore
             A variedade de estilos, do neoclassicismo, ao realismo e simbolismo, reflete a vibrante cultura da época traduzida em obras de arte produzidas por grandes artistas da segunda metade do século 19 e das primeiras décadas do século 20. Escavações mostram que a área foi utilizada como cemitério desde as eras púnica e romana. O local, no entanto, apesar de atrair turistas, (é preciso agendar previamente visitas guiadas) está descuidado.
             A Sardenha é famosa pelas suas praias, especialmente a Costa Esmeralda (ao norte), ou o arquipélago La Maddalena. Mas tem outros locais interessantes como os sítios arqueológicos (nuraghi) e a vila catalã Alghero, na província de Sassari.  Trens interligam as principais províncias. Os meses de julho e agosto são os que mais atraem turistas. A língua oficial é o italiano, mas quase todos são bilíngues e falam também o sardo (língua românica com influências do fenício, etrusco e até do basco).
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Dicas/experiências:
Turismo: site oficial - 
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