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Cinque Terre – Parte I


Riviera Ligure
(Riomaggiore e Manarola)                                                                     
                                                                      foto by:Ira

As belezas naturais da costa da Ligúria são verdadeiros ímãs de atrair turistas, que chegam de todos os quadrantes como aves migratórias, em bandos. 
Mas, o trecho entre a capital Gênova e a província de La Spezia possui um atrativo incomum, talhado por mãos humanas sobre o ambiente e, por isso, reconhecido como Patrimônio da Humanidade. 
É o Parque Nacional Cinque Terre com seus cinco vilarejos à beira-mar (a área marinha também é protegida): Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore.                             
                               foto by: (www)

Há mais de mil anos a presença do homem começou a mudar as encostas íngremes das montanhas locais para o cultivo, especialmente de videiras e oliveiras. Transformaram assim a  paisagem onde ainda hoje persiste o trabalho coletivo dos agricultores.
As faixas de terra cobertas pelo verde das parreiras e das oliveiras se sobrepõem em níveis e desníveis escorados por extensos muros de pedra, formando terraços suspensos (como, imagino, haveriam de ser os Jardins da Babilônia).

Via dell’Amore 

Os antigos vilarejos eram  interligados por uma rede de sendas e trilhas que perpassavam as plantações nos penhascos escarpados da costa. Há alguns anos, esse pedaço de paraíso na terra foi descoberto pelos turistas como roteiros a serem percorridos a pé, a cavalo ou de bicicleta. A trilha mais famosa é a Via dell’Amore (Caminho do Amor), em parte escavado nas rochas, que liga Riomaggiore a Manarola.
Escolhi começar por ali. Eu já havia passado por Cinque Terre antes, bem no início da viagem, sem me deter por causa de uma greve de trens marcada para aquele dia. Foi uma incursão meteórica, olhando através da janelinha. Não queria ficar presa num lugar do qual eu sabia muito pouco,  correndo o risco de pagar caro por um alojamento. Mudei de planos na hora e segui adiante. Mas – ponto pra mim - não desisto fácil e, no final, antes de ir embora de vez da Itália, refiz o trajeto e me instalei outra vez em Gênova.                                                                                                                            fotos by:Ira                                    
O acesso mais fácil ao Parque Cinque Terre é por ferrovia. Cada uma das cinco localidades tem uma estação e, somando-se os trechos entre uma e outra dá para fazer o percurso inteiro em menos de meia hora. Mas, deve-se comprar bilhetes para os chamados trens regionais, os demais não param em todas as vilas.
Parti de Gênova cedinho pela manhã e segui até o último vilarejo, Riomaggiore. Eu ainda não sabia que começava assim um dia extasiante, verdadeira apoteose da minha estada em terras italianas.
           
           Na viagem, o trem passava em vários túneis e fiquei surpresa ao ver que uma das estações ficava exatamente no meio de um deles. Pela janela via tudo escuro lá fora, mas os passageiros subiam nos vagões normalmente. As saídas e corredores pareciam “catacumbas” onde mal se enxergava quem passava.
          Felizmente desci na pequena estação, às claras, em Riomaggiore.
Riomaggiore

              
          
          
                   A cidadezinha esconde-se por trás de uma  parede de casas coloridas construídas na vertical, como amontoadas umas sobre as outras. Elas escalam os morros em volta e estes projetam suas sombras nas ruas estreitas, nos becos e nas escadarias. 
          As moradias costumam ter duas portas principais, uma ao nível da parte baixa e outra com acesso à rua superior, na parte elevada. Os moradores da antiga aldeia usavam essas passagens como rota de fuga durante os ataques inimigos.
          



Manarola
          
                    Minha idéia era fazer pelo menos um trecho a pé entre um vilarejo e outro. As distâncias médias das diversas trilhas ficam entre 1 km a 5 km (o percurso completo chega a quase 25 km e demanda em torno de 12 horas). Meu tempo era pouco, contentei-me com a Via dell’amore, de Riomaggiore ao vizinho distrito de Manarola. Sob sol a pino.
          Ah, Manarola é um deslumbre! É uma daquelas cidadezinhas que a gente vê em fotos, equilibrada sobre um penhasco, com casinhas coloridas e uma formosa praia lá embaixo. É, sem dúvida, uma das mais marcantes imagens da Itália.
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Dicas/experiências:
Turismo – (www) – (www)
Restaurante - depois das caminhadas, pausa para almoço. Encontrava muitos locais para lanches, caros, repletos de turistas. Já no caminho para a estação, na rua central de Manarola, a poucos passos do mar, perto da praia e dos barcos, topei quase por acaso com um lugar perfeito para a ocasião: Trattoria Porticciolo. Cardápio de pratos típicos a base de peixe, atendimento excelente, preço amigável (www).
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