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Amsterdam (tour Red Light District, De Wallen)


Museu e Centro de Informações sobre a Prostituição - Parte II                    fotos by: Ira       
Centro de Informações sobre a Prostituição

          No mais famoso Red Light District da área central de Amsterdam, também conhecido como De Wallen (as paredes, pedaços remanescentes da cidade antiga), funciona um museu e Centro de Informações sobre a Prostituição. Ali, voluntários distribuem folhetos, mapas da área, souvenirs e respondem a qualquer tipo de perguntas, seja de profissionais do sexo, estudantes, clientes ou simples curiosos, são todos bem-vindos.
          

          A idéia é permitir às pessoas que falem abertamente sobre sexo e, ao mesmo tempo, transmitir noções de respeito para com quem trabalha nessa atividade. Prostituir-se não é proibido na Holanda e o serviço pode ser oferecido em vários locais, desde que estes possuam licença para tal: bordéis, janelas, clubes, casas de massagem, agências de acompanhantes ou mesmo estabelecimentos privados.
          Perguntas sobre o mundo da prostituição em geral podem ser enviadas ao Centro de Informações sobre a Prostituição também por e-mail (pic@pic-amsterdam.com).
Mariska Majoor
          
          Ali, ao final de um tour pelo Bairro da Luz Vermelha, nosso grupo foi recebido por Mariska Majoor, a ex-profissional do sexo que lutou pelos direitos das prostitutas, conseguiu melhores condições sociais para a classe e mudanças nas leis holandesas sobre prostituição. Ela fundou a instituição em 1994 e dedica-se até hoje a informar ao público como funciona essa atividade.
          No quarto com a atmosfera de um bordel de Amsterdam, ela recebe os grupos de turistas para um breve bate-papo. Mas, privilégio de estarmos apenas em cinco (caía uma nevasca naquela noite), nosso tempo estendeu-se além do drink quase formal. Mariska mostrou-se descontraída e à vontade para conversar um pouco mais. Mostrou seus aposentos, comentou sobre as fotos do mini-museu, algumas do tempo em que ela exercia a função de profissional do sexo. Disse que poderíamos fazer qualquer tipo de pergunta e eu aproveitei a oportunidade como se fosse para uma grande reportagem.
          Ela conta que começou a se prostituir aos 16 anos sem qualquer motivo trágico, não tinha sofrido abuso nem foi forçada. Apenas queria comprar um cachorro e não tinha dinheiro. Sua opinião é que a relação entre duas pessoas adultas diz respeito somente a elas. Acha que exercer a atividade nas vitrines é mais seguro, as profissionais não são exploradas nem correm riscos como se estivessem trabalhando nas ruas.
         Aponta para alguns rapazes que se aproximam e explica: daqui eu tenho o controle total da situação. Olho para o grupo e posso imaginar qual deles me agradaria ter como cliente. Em poucos segundos, se estabelece uma comunicação pelo olhar. Eles podem me admirar, algum fará um gesto perguntando o preço, respondo com um sinal. Tudo acertado, abro a porta. Mas, continuo no controle, pois não sou obrigada a atender nenhum cliente que eu considere desagradável. Mesmo se ele já estiver aqui dentro, se eu o mandar sair, ele tem que ir embora. “Se um homem insiste em fazer sexo com uma mulher que não quer, isto não é bom”, comenta Mariska.
          Perguntei se existem homens nessa profissão, para atender a clientela feminina. Ela responde: “nós garotas jamais precisaremos pagar por sexo. É só nos mostrarmos disponíveis, em qualquer local, e teremos sexo da maneira que quisermos, a qualquer momento e de graça.”
         Pedi para fazer fotos na janela voltada para a rua. Mariska ofereceu sua cadeira, emprestou alguns adereços e acendeu a iluminação característica de “à disposição”. Pude então me sentir, por alguns segundos, no papel de uma profissional na vitrine tendo sobre si as luzes e os olhares dos que passam pela calçada (minha muita roupa devia mesmo estar chamando a atenção). Estávamos na confluência de três ruelas, no beco atrás da Oud Kerk (velha igreja). Sim, um daqueles locais de preços bem acessíveis.
          No dia seguinte, voltei lá para comprar um livro de Mariska, queria dar de presente a um amigo. Levou-me à lojinha que mantém numa rua próxima, com o simpático nome de All Red. Ali ela trabalha desde que deixou de ser profissional do sexo e alguns dos artigos ela mesma confecciona. Conversamos mais um pouco, comprei também uma blusa e um par de brincos, vermelhos, claro.
          Refiz parte do trajeto do tour durante o dia, passando novamente em frente às vitrines. Pude então observar melhor, constatei que havia algumas garotas com aspecto bastante decadente, corpos desalinhados, feições claramente de estrangeiras. Pareceu-me que não teriam condição de pagar o aluguel (considerado caro) de uma vitrine, provavelmente trabalham para alguém, o que contrasta com o que ouvi sobre a não existência de exploração.
          Próximo à Oud Kerk tem um pequeno monumento de bronze, homenagem às prostitutas. Mostra uma delas parada em frente a uma porta. A modelo é Mariska Majoor e a placa traz os dizeres: "Respect sex workers all over the world."





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Dicas/experiências:
(www) - Centro de Informações sobre Prostituição
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