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Sozinha na Estrada. Aos 60?

Eu vou. Vem?!!!
Toledo (Espanha)    
Avignon - França
    
          Faz cinco anos, inventei de sair por aí disposta a conhecer o mundo um pouco além do quintal. 

Queria ficar fora alguns meses, terminei indo sozinha. Isso pode parecer difícil para muitas pessoas, algumas me escrevem dizendo não ter coragem.

É para elas que conto um pouco das minhas experiências. Olho para trás e posso dizer que engolir meus medos é o elixir que me dá confiança para seguir em frente.

        

Moscou - Rússia

Viagem x imprevistos
- Sair da zona de conforto assusta, é normal. Mas, sendo realista, não posso evitar imprevistos, quando aparecem tenho que dar um jeito. Encarar ou fugir? 

Se escolho fugir o caminho me leva direto de volta para casa.

É frustrante, porque eu saí para conhecer o mundo, não é? Se estou sozinha, as respostas dependem só da minha decisão, posso tentar resolver do meu jeito, correr, pedir ajuda ou ficar paralisada (para mim, esse é o modo mais rápido de ser engolida pelo medo).


          Mas, se eu ficar doente? Se eu quebrar uma perna? Se eu perder meus documentos? Calma, os “se” não acontecem todos de uma vez. 

Não dá para prevenir todas as possibilidades ruins. Quando algo realmente grave ocorrer, geralmente restam apenas duas coisas a fazer: ou resolvo o problema da melhor forma que puder, nas circunstâncias, ou não há o que ser feito, está fora do meu alcance. Decidi que não vale a pena me preocupar com a segunda alternativa.

          O que dá pra fazer, sim, é planejar tudo o que for possível, pesquisar, anotar, fazer planilhas, juntar documentos. Na internet há vários sites de viajantes mais experientes que compartilham dicas. Para o meu sonho de fazer uma volta ao mundo, guardo o site do Projeto Vira-volta (aqui), do casal Carol e Alexis). Na aba “Kiki around the world” eles ensinam como montar planilha de gastos.


          Medo de avião – Sinto-me menos boba em saber que muita gente está nessa comigo. Isso começou há alguns anos quando, numa decolagem sob tempestade, o avião teve uma espécie de queda brusca. Eu voltava de uma viagem à Disneylândia, com todas aquelas montanhas-russas. 

Nunca mais quero sentir essa sensação horrível, quase posso ouvir meus próprios gritos e os dos demais passageiros.  Mas, o mundo é grande, a pé não vou longe, de carroça não dá, navio leva muitos dias ...


       
Cannes - França
         Medo da solidão – Concordo, é frustrante ver coisas diferentes, interessantes e bonitas sem ter com quem comentar. 

          Mas (esquece o Whatsapp), para mim serve de terapia. Tenho um tempo de só absorver, alimentar-me de paisagens e de momentos únicos. 

        Tenho diálogos interiores.  aprendo sobre mim mesma, sobre como reajo quando ninguém à minha volta me conhece.
         
          Considero que mais me valeu aquela primeira viagem por ter ido sozinha do que os lugares que visitei. 

Philadelphia


Estar sozinha é uma opção. 

Se quiser, aproveito todas as chances que tenho para puxar conversa.  Assim, conheci pessoas e fiz passeios agradáveis, com algumas ainda mantenho contato até hoje.


Isfahan - Irã/Pérsia

Viajar sem falar outras línguas - Ver chineses, japoneses, russos e alemães turistando pelas grandes cidades, com mapas provavelmente escritos em inglês, me diz que podemos, sim, viajar sem falar a língua dos lugares. Ninguém precisa saber grego, alemão ou russo. Mas, claro, um inglês básico facilita. Quem ainda não tem, deve saber que vai passar alguns perrengues.

          Para quem parte do zero no inglês, há na internet bons cursos gratuitos. Entra lá e aproveita enquanto o sonho está na fase de planejamento, dedica algumas horas a um aprendizado que facilita muitas coisas. Eu mesma, uso o Duolingo (aqui), as dicas do Inglês na Ponta da Língua (aqui) e o Engvid (aqui). Cada professor centra em um tópico do processo. Adoro a Ronnie.

Atenas - Grécia

          Mas, nem mesmo o inglês básico resolveu quando, na Grécia, minha filha e eu nos perdemos num passeio por um bosque. 

Estava anoitecendo, não encontrávamos a saída, perguntamos para várias pessoas, ninguém entendia ou falava inglês. 

Foi, então, que lembrei que o Português tem muitas palavras vindas do grego. 

Pensei na Bíblia, tasquei um “Exodus!” para um casal e.... eles nos apontaram o rumo da saída!

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Viajar com mais de 60


Uma experiência revitalizante – Como começar?
A caminho dos fiordes na Noruega
Amsterdam
 
   
Iniciei estes relatos há cinco anos, depois de fazer minha primeira viagem sozinha, presente que me dei pelo meu 60o. aniversário. Durante quatro meses minha mala e eu rodamos por alguns países e muitas cidades. 

Isso causou um impacto tão forte na minha vidinha de aposentada, fez parecer que eu tinha nascido outra vez. Minha nova identidade passou a ser: sexo, feminino. Idade, 60. 

Daí, vem o nome do blog: Feminino, 60.

          
Cinque Terre (Itália)
Ilha da Páscoa (Chile)

Escrever sobre os lugares em que estive é um jeito de preservar lembranças, fatos e imagens. 
Ao mesmo tempo, compartilho esse tesouro com quem gosta de viajar. Quem sabe até dou o empurrãozinho que falta para animar alguém a realizar o sonho de sair por esse mundo com destino ou sem destino.

Ouro Preto (MG)
         

Pena que somente há poucos dias, depois de recuperar a senha do endereço do blog, pude ler as mensagens que estavam travadas no box de entrada durante anos. Agradeço tantas palavras gentis e generosas, agradeço a participação de seguidores e visitantes da página que enviaram perguntas e sugestões de abordagens. São várias. 
Para facilitar, vou responder as principais dúvidas em tópicos, a partir dos assuntos mais solicitados.

Como começar?

          Pergunta-chave que aparece na maioria das mensagens que, resumidamente, trazem questionamentos do gênero: sou aposentado/a (ou estarei me aposentando daqui a alguns meses). Quero viajar sozinho/a mas ... (aqui, entram mil motivos, tais como tenho medo, sou inseguro/a, não tenho muito dinheiro, não sei falar outra língua, acho que estou muito velho/a, etc...), não sei por onde começar.
Berlim (Alemanha)
Depois daquela minha primeira viagem-solo, não consigo mais parar. Descobri que estou fazendo o que gosto, o que sempre quis fazer, embora achasse quase impossível. 

Descobri também que a distância entre o sonho mais acalentado e a realização dele é bem menor do que geralmente imaginamos.
         
Edimburgo (Escócia)
Teerã (Irã/Pérsia)
         
Decidi tratar o meu sonho como coisa possível e, passo a passo, fui descobrindo o caminho para chegar lá. Comecei a planejar o que fazer, como fazer, para onde ir, por quanto tempo. E fui achando solução para cada dificuldade à medida em que elas surgiam. Como, aliás, é sensato fazer na vida cotidiana.
Ilha de Ischia (Itália)
Entre a Sardegna e a Sicília (Itália)
Em termos de orçamento, as parcelas mais pesadas ficaram com as passagens aéreas e com o alojamento, que deve ser reservado pelo menos para os primeiros dias. 

Passei horas na internet pesquisando e esperando por promoções. Parcelamento é bom nessas horas. Hostels, hotéis duas estrelas, sofá dos amigos e sites como o Airb&b garantem preços mais em conta.
 
Trenton (Estados Unidos)
        
          

Reuni todo o dinheiro de que dispunha, coloquei na contabilidade como receita o valor mensal da aposentadoria que eu estaria recebendo durante os quatro meses da viagem. Transformei tudo o que pude em cash para comprar moeda, coloquei uma parte em Cartão de Viagem. Vendi minha garagem, pois não tenho carro. Deixei algum na Poupança, para a volta e  para as despesas fixas (condomínio, luz, gás). Cancelei plano de celular, internet e TV a cabo.

          


Isfahan (Irã/Pérsia)

O Cartão de Crédito me deu tranquilidade para os gastos maiores durante os quatro meses da viagem, tais como passagens de trem, ingressos para museus e atrações. Não me preocupei com possíveis oscilações na cotação da moeda nem com o IOF, coloquei tudo no saco das despesas gerais.
          
St. Petersburgo (Rússia)

Administrar a parte financeira passou a ser a minha tarefa diária. 

Não compro nada supérfluo, até porque não caberia na mala, penso duas vezes antes de comprar qualquer coisa, mesmo quando não estou viajando. 

Cada tostão economizado é mentalmente transformado em dólares e euros para a próxima aventura.
Santorini (Grécia)

Nova York 





Aos poucos, fui aprendendo a enxugar cada vez mais o orçamento. Hoje, consigo viajar por bem menos trocando horas de trabalho por casa e comida. Há vários sites na internet com informações para o que chamam de “intercâmbio” ou “viagem colaborativa”. Vou postar textos específicos sobre o assunto daqui a alguns dias.
Gênova (Itália)
Parati (RJ)

Para mim, a parte financeira é a que requer mais disciplina, tempo na internet dedicado às pesquisas e atenção constante para não ultrapassar os limites definidos de acordo com a minha capacidade.

          Incluí nas despesas o seguro de viagem, um check up geral incluindo visita ao dentista, a medicação de uso contínuo para todo o período, pagamento de eventuais taxas com visto ou outros gastos menores.
Salvador (Bahia)
Bonito (MT)
          


Uma vez isso resolvido, o restante do planejamento é quase só alegrias: traçar um roteiro, escolher quais os lugares que quer conhecer, arrumar as malas, partir.

          



É, eu sei, para alguns a parte financeira não é tudo. Então, para falar sobre medos diversos, tais como não curtir viajar desacompanhado, não saber falar outras línguas, e muito mais, prometo contar minhas experiências nos próximos textos.


Fontana di Trevi - Roma (Itália)
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